Sem diversidade e mulheres no primeiro escalão, o
presidente interino Michel Temer, recua, após forte criticas e diz que quatro
mulheres farão parte de secretarias em seu governo de "pacificação".
As mulheres irão assumir as secretarias de ciência e tecnologia, cultura,
igualdade social, nomes ainda não confirmados, e a chefia de gabinete da
presidência, que já é dirigida por uma mulher, disse o presidente em entrevista
ao programa Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (15).
O presidente em exercício disse que elas não
"estarão acima dos ministros", mas irão assumir cargos importantes,
segundo ele. Vale destacar que como bem disse Temer, em sua cerimônia de
entrega dos novos Ministérios às autoridades escolhidas por eles, o termo
"governo de salvação nacional", foi usado. Mas, salvar o Brasil vai além de
trânsito nas duas casas.
Mesmo com o resultado no Senado, que pediu o impeachment da
presidente Dilma Rousseff, por 55 votos favoráveis e 22 contra, na última
quinta-feira (12), a aprovação dos dois relatórios de admissibilidade, tanto na
Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, apontou um dado importante, de que
o presidente interino, tem até então, dois terços dos votos nas duas casas. E num “futuro" não muito distante poderá ter votos
suficientes para aprovação de projetos em seu período governamental. E até dar
o xeque- mate. Isso vai
depender do jogo político, das articulações que já começaram há muito tempo.
Na entrevista, Temer também disse que não pretende
interferir na decisão da Câmara dos Deputados sobre cassação do deputado
Eduardo Cunha (PMDB) e que a renúncia dele, não vai influenciar em suas
decisões. Olha o substantivo passando mesmo que seja para uma minoria, mas que
governa o Brasil. Um apoio ou não poderia prejudicar a popularidade de o
presidente em exercício dentro do Congresso e no Senado. E fora também, tem as
manchetes garrafais.
Mas
a popularidade fora é fraca. Levantamento do Data folha no início
de abril mostrou que 61% dos entrevistados defendiam o impeachment de Dilma, e
58% defendiam o impedimento de Temer também. E mesmo ouvindo os argumentos de cacifes da
direita, de que a população seria o menos importante, o presidente em exercício
começa a ver que será mesmo um ponto que precisa ser revisto.
Vale
lembrar que no modelo Temer, pastas
que dão visibilidade e garantem o direito de minorias, como: o Ministério das Mulheres, da Igualdade
Racial e dos Direitos Humanos foram
extintas. Os temas referentes à antiga pasta serão, agora, discutidos no âmbito
do Ministério da Justiça e
Cidadania.
Nessa entrevista, Temer disse que o seu maior
desafio é fazer com que o Brasil seja "pacificado" e que se equilíbrio seja restabelecido
na política e na economia mudando o cenário de polarização. Pode não ser
importante agora, mas ter popularidade é aprovação da maioria é muito
importante para um governo.
Afirmando que não será candidato em 2018, o presidente
em exercício vem afirmando isso em cada entrevista tem agradado os ouvidos de
quem pretende disputar á presidência. Provocando até alianças com antigos
opositores. E Michel Temer inteligente que é inegável não dizer, com sua
experiência, usando um jargão bem popular, vem "comendo o mingau pelas
beiradas". Ele sabe da importância de uma popularidade em um
governo, que precisa fechar a equação num momento delicado e conturbado.
Credores cobram e caro.
Tão menos importante agora, mas foi para atender a
críticas de que havia um excesso de ministérios no Brasil, que ele reduziu o
número de pastas de 32 para 23, afirmam especialistas. E isso, não estava
desagradando só os bons entendedores da política não.
Desconforto da diversidade
Uma repercussão popular, já levou o presidente
interino a sentir o desconforto, nesses quatro dias de governo, com a polêmica
fusão do MinC ao Ministério de Educação, na semana do badalado Festival de
Cannes, provocando reações negativas de artistas e produtores culturais
brasileiros e estrangeiros. Sem contar os Movimentos Sociais que também não
gostaram nada de ver a pasta de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos
serem agregadas à da Justiça e Cidadania.
Ter nas costas, a falta de diversidade e a
responsabilidade de carregar no lombo a primeira vez que somente homens formam
o gabinete de um presidente, desde 1979, quando o país ainda era governado pelo
general Ernesto Geisel, pode fazer um conservador mudar o prumo. E os
sinais foram deixados.
Reconhecendo que não é
popular, ainda na entrevista ao programa semanal, Temer disse que possa reverter
a situação, com a herança que pretende deixar para o Brasil com seu governo. “É
um passo para que eu possa ser reconhecido",
ressaltou. Mas logo defendeu a tão falada
popularidade ao se referir aos votos que teve quando foi eleito na chapa de
Dilma. "Fui eleito como a própria presidente”, concluiu.
O “desejo de
pacificação", pode não está tendo coerência, mas construir a tão desejada “ponte
para o futuro“ requer muitas mãos. De maioria, de minoria, de muitos e do
popular também. E os maus olhos de um governante, que chega ao auge de sua carreira política sem
nunca ter sido eleito para um cargo do Executivo encabeçando uma chapa, uma
mancha pela falta de mulheres, maioria da população e do eleitorado Brasileiro e da
falta de diversidade.
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