A semana para o governo fechou mais uma vez na incerteza. Mas como já dizia o saudoso Magalhães Pinto,"política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou". A configuração do momento é que continua a luta do governo por apoio. E que mesmo nos esforços para promoções de encontro com aliados para tentar captar votos e apoio à reforma da previdência, muitos não estão dispostos a mexer nessa votação agora, por medo das eleições, já que a reforma é impopular.
Enquanto isso, o presidente Michel Temer vai precisar reforçar os movimentos para aprovação de outras reformas, como a política. E tantos intercalços vem tirando a credibilidade e capacidade pra isso.
A segunda-feira (14) começou com a mudança da meta fiscal e seu instintivo adiamento. Mas mesmo na tentativa de adiar o saldo negativo, o recado de correr atrás de composição para aprovar a receita frustrada já se perfazia nos corredores do planalto e fora também.
Mesmo esperando o esperado mas com esperança de alguma evolução futura, a terça-feira veio com o governo elevando a previsão do rombo de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões. Assim, nesse diagnóstico de frustraçoes das contas públicas, evidenciou que os rachas entre os partidos que compõem a base do governo estão bem mais profundos . O esforço do governo para focar no corte de despesa também se movimentou para garantia de apoio dos partidos, mas desta vez, sem o apoio das emendas parlamentares. Mas vale lembrar que é na aprovação das metas que se aprova também as emendas.
No anúncio, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificou que o aumento do déficit foi necessário porque houve queda na receita e deflação na arrecadação do governo. O governo também detalhou alguns cortes e ajustes. Como a proposta de aumentar de 11% para 14% a contribuição previdenciária dos servidores que ganham acima de R$ 5,3 mil.
Oposição atacou.
Oposição atacou.
Quarta-feira
A notícia de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por obstrução de justiça, reascendeu o desgaste da credibilidade de homens ligados ao governo. Geddel era um dos principais assessores de Temer, tinha gabinete dentro do Palácio do Planalto.
O MPF acusou Geddel de ter agido para silenciar o corretor de valores Lúcio Funaro, preso em Brasília desde julho do ano passado. Bastidores e especialistas afirmam que "delação do Funaro vai atingir toda a cúpula do PMDB".
O mapeamento da prisão de Geddel é que o ex-ministro teria usado de mais de dez ligações seguidas, para saber até que ponto andaria à disposição do doleiro para uma possível deleção que poderia incriminar o ex-ministro. Um desgaste a mais do núcleo mais próximo do presidente Temer --que a essa altura da gestão turbulenta, chama a atenção para o núcleo e outras denúncias que vem configuradas também com o sentido de obstrução.
Na tarde dessa quinta-feira (17), o texto do projeto de lei que aumenta em R$ 20 bilhões o déficit da meta fiscal para 2017 e 2018 chegou ao Congresso. O alarme soou alto, já que a nova meta, de R$ 159 bilhões, precisa agora de autorização dos parlamentares e vai passar primeiro pela Comissão Mista de Orçamento. Na Comissão, o presidente dela, o senador Dário Berger, do PMDB, falou que daria prioridade para a análise do projeto. Só com esse parecer da Comissão, o texto segue para votação em sessão conjunta do Congresso, onde participam senadores e deputados.
Sexta-feira
A prisão temporária do ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, mais de dois anos depois de ser deletado pela primeira vez, ocorrida a partir da deflagração da 44ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Abate na sexta-feira (18), acendeu uma luz no planalto, por uma possível delação dele que poderia prejudicar o PMDB. A operação partiu de depoimento de Paulo Roberto Costa, a primeira feita contra Vaccarezza, mas o ex-deputado já foi citado por mais delatores. Segundo as investigações, o ex-líder do PT, teria usado de influência para se beneficiar de contratos de 180 milhões de dólares entre a Petrobras e a Sargent Marine, com propinas de 500 mil dólares. Vaccareza se desligou do PT em 2006 se filiando ao PTdoB, hoje Avante.
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