Segundo depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro é marcado por uma espécie de acertos de contas de outra ação
Reprodução vídeo JFPR |
Lula chegou á sede da Justiça Federal faltando menos de 12 minutos para o início do interrogatório que estava previsto para 14 horas. Antes de entrar no prédio, o ex-presidente que chegou em Curitiba, em carro de passeio na noite anterior, fez um pequeno trajeto nas ruas que davam acesso ao prédio, interditadas pela Polícia Militar, para cumprimentar manifestantes pró-Lula - que aguardavam nos perímetros principais do prédio da justiça. Cerca de mil pessoas entre elas, parlamentares, como a senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann deram apoio ao ex-presidente. Número bem menor de caravanas de apoio ao petista e policiais para a segurança do acontecimento. O efetivo de policiais chegou a mil, justificado pela Secretária de Estado de Segurança do Paraná pelo número menos de caravanas. Em maio deste ano a segurança foi 1700 policiais nas ruas.
O depoimento
A ordem do depoimento começou com o juiz Sergio Moro perguntando a Lula questões sobre o imóvel vizinho do seu, no Edifício Green Hill, em São Bernardo do Campo, comprado em nome do sobrinho do pecuarista e amigo José Carlos Bumlai . O juiz queria saber sobre questões de recibos, que também foram repetidas nas perguntas do Ministério de Público, atribuído a questão por Lula à dona Marisa Letícia, que morreu em fevereiro.Assim como questões no processo do triplex. Moro perguntou se Lula teria os recibos. A resposta que consultaria um contador e reaver estes documentos, pode trazer problemas para o ex-presidente que se não o apresentou ainda, é pelo simples fato de não ter isso em arquivo.
Por várias vezes, o objetivo da ação foi atravessado com outros pontos que envolvem o ex-presidente, como o depoimento do ex-ministro Antônio Palocci, no qual Lula errou ao chama-lo de "frio e calculista", já que não é difícil de encontrar o próprio Lula rasgando o verbo para encher o ex-ministro de elogios. Mas este próprio braço direito ou esquerdo, entrou em contradições e deu sinais de inseguranças em suas ponderações. Não se pode negar que Palocci negocia uma delação premidada. Em abril deste ano, o ex-ministro foi interrogado por Moro, na ação em que é acusado de agir no governo federal em favor da Odebrecht entre 2006 e o final de 2013. Na oitiva de mais de duas horas, Palocci se colocou á disposição do juiz e disse que "fatos com nomes, endereços e operações realizadas" poderiam prolongar a operação Lava Jato pelo menos para mais 1 ano de Lava-Jato. Depoimentos que deixaram claro que abri a boca tinha como contrapartida um acordo judicial.
Segunda vez
Sentar na frente do juiz que o condenou como réu de um outro processo de ligações fortes, de uma certa forma abalou um pouco a segurança que Lula passou na primeira vez que sentou-se á frente do juiz federal. As forma de como foi adotado a sua chegada ao final do depoimento, também foram marcadas com palavras que adotam um tom pejorativo, como: "não querida" "imparcialidade" "discurso político" "denegrir" e por aí vai. Seguindo uma linha de injustiçado, o traçado não foi bem executado. Lula perdeu um pouco o compasso e deixando frases por muitas vezes inconclusas, cortadas pelo juiz que adotou um tom mais agressivo diante do petista que deu sinal de recuo, já que ele sabe que será condenado pelo juiz.
No discurso mais curto, também ganhou o silêncio em algumas questões. Lula foi orientado a não responder perguntas que têm advogados que tenham traçado o percurso de delação. Se por um lado impaciência se mostrou pelo lado do injustiçado adotado por Lula, o juiz Moro perdeu o tom de ao sair em defesa do ministério publico.
Antes de proferir a sentença deste caso, existe ainda as fases de diligências complementares, no qual a defesa pode pedir busca de esclarecimentos. E após isso, abre-se a contagem dos prazos para as alegações finais. Mas a contagem das alegações só poderão serem anunciadas quando todos os envolvidos no processo fizerem suas conclusões a respeito do caso. Um depoimento pendente é do advogado Roberto Teixeira, um dos defensores de Lula - que foi adiado por motivo de doença. Moro irá colher este interrogatório por conferência de SP no próximo dia 20.
A sentença deste processo que tem o petista como réu por lavagem de dinheiro e corrupção, pode ser marcada como a segunda decisão contra Lula de um mesmo juiz de primeira instância que poderá ser proferida em novembro.
A sentença deste processo que tem o petista como réu por lavagem de dinheiro e corrupção, pode ser marcada como a segunda decisão contra Lula de um mesmo juiz de primeira instância que poderá ser proferida em novembro.
Veja na íntegra o depoimento:
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